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Corrida Contra o Tempo

Corrida Contra o Tempo

14
Set20

Um Amor Não Idealizado

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        Era uma vez uma jovem absorvida pela Disney e pelas comédias românticas que a faziam sonhar sobre onde, como e quando encontraria o príncipe da vida dela... blá blá blá! Desiludiu-se imensas vezes e revoltou-se contra o mundo outras tantas. Suspirou perdida pelo que julgou ser amor e acabou por limpar as lágrimas noite fora demasiadas vezes. Contra todas as expetativas mantinha-se crente de que um dia "o tal" cruzaria o seu caminho. Escreveu textos e poemas sobre esse hipotético amor, idealizando-o intensamente. Tentou moldar-se aos homens que encontrava, esforçou-se para esconder as suas fraquezas e defeitos, mas acabava por não se sentir fiel a si própria. 

          Os anos passaram e ela acabou por se dedicar a cultivar amor próprio e a ser feliz. Foi sendo cada vez mais bem-sucedida nos seus objetivos e mais exigente consigo mesma. Começou a ter noção do quanto valia e do facto de ninguém ser digno de ela abdicar de si.  Descobriu o que merecia e fechou o seu coração para que não fosse magoado novamente.

         Ela estava bem consigo e com o mundo quando conheceu o homem que tinha tudo para a complementar ( sim, porque isso de serem duas metades que se completam são tretas... se ambos não estiverem completos, o que têm para oferecer um ao outro?!). Não o idealizou, apenas desfrutou do acaso do destino que os juntou. Sem se aperceber apaixonou-se e foi isso que tornou tudo tão mais mágico do que ela alguma vez tinha pensado. Nenhum conseguia dizer quem se apaixonou primeiro nem descrever o que fez esse amor crescer. Prometeram conquistar-se todos os dias e nunca ir dormir a meio de uma briga. Juntos, no seu cantinho do mundo, eram eles próprios um com o outro sem se julgarem ou criticarem, pois não havia nada que quisessem mudar no seu par. Ela precisou de reconhecer para si o amor que merecia e deixar-se levar pelo destino. Ele teve de permitir-se baixar as barreiras que elevara em seu redor há tanto tempo e deixar-se contagiar com o que o mundo tinha para lhe oferecer. Amaram-se loucamente q.b., como o amor deve ser. Não foi como ela idealizou, mas foi muito melhor. Não foi tão fácil como tinha previsto, mas valeu  a pena. Não há como um amor não idealizado para dar resultado.

 

 

28
Jul18

Não Te Vejo

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     Passaram-se dias ao teu lado. Chorámos no ombro um do outro. Erguemo-nos juntos vezes sem conta. Fomos o motivo de gargalhadas e de perder a noção de o tempo passar. Lembro-me da primeira vez que te avistei com esses teus cabelos ao vento e um sorriso de miúda pequena. Perguntei-te se querias ficar, respondeste-me que eras do mundo e não de um só lugar. Prometi-te ser o mundo por onde pudesses viajar. Pusemos a mochila às costas e partimos. Quanto mais me descobrias, melhor eu me conhecia. Descobriste em mim dimensões que nunca pensei que existissem. O que é que te aconteceu? Um dia senti que te perdeste em mim. Que não sabias mais o que querias encontrar e que não sentias que eu fosse suficiente. Esperei, observando-te, por descobrir o que mudara. Sofri sozinho  por sentir que o meu mundo já não chegava para ti. Quando te olhava nos olhos parecias-me cada vez mais uma miragem. Cansado do vazio que ias deixando em mim pedi-te que conversasses comigo. Sentaste-te de costas viradas para o meu mundo, visando o que ia para além dele e perguntaste-me o que se passava. Estremeci. Apenas consegui dizer "olho para ti e não te vejo". Mal eu sabia que a resposta é que já não eras tu.

18
Jul18

A Culpa é Tua

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     "Querida Bela, 

      Esta carta que te escrevo não é um pedido de desculpas, é para te ajudar a perceber que a culpa foi tua. Eu encontrei-te fragmentada e prometi-te ajudar-te a reconstruir-te, mas devias saber que ia tentar moldar-te a mim, quem manda não te bastares a ti própria?! Fiz-te mil e uma promessas, era suposto teres percebido que te estava a prometer falhar. Escrevi-te lindas palavras, mas não te impedi de leres o que estava nas entrelinhas. Convenci-te a acreditares no amor só que nunca te dei garantias de que eu acreditava. Foste tu que me deixaste arranjar um espaço no teu coração, eu nem pretendia ficar. Essas lágrimas que verteste por mim eram tão evitáveis, bastava não teres confiado em mim. És das mulheres mais focadas que já conheci, como é que não te apercebeste que te pretendia desfocar?! A culpa é tua  por teres-me feito querer-te, nunca foi o meu objetivo ter-te. Já sabias que isto teria um desfecho trágico, só quis corresponder às tuas expectativas. Eu não te desiludi, tu é que me deixaste iludir-te. Fizeste-me sentir triste por não teres feito o  impossível por mim. Tu devias ter lutado por mim e por ti, o meu papel era apenas ver-te lutar. Afinal de contas, quem ama de verdade pode amar pelos dois. Portanto, a culpa é tua.

     Espero ter conseguido ajudar, não precisas de agradecer.

      Beijinhos, o Monstro.

      PS: Amo-te!"

04
Jul18

Almas Gémeas

Estava um lindo dia de sol. Tinha o meu fato de treino e o meu cabelo desengonçadamente apanhado. Respirava fundo e sorria, sabia-me a férias. Nada como uma bela caminhada, pensei. Distraí-me por segundos e fui contra uma pessoa. "Desculpe, eu..." e parei no tempo. Os seus olhos refletiam os meus e por momentos vi-me toda eu refletida nele. Sorri. Trocámos algumas palavras e tudo parecia fazer sentido. Era como se nunca nos tivéssemos separado, mesmo que fisicamente tivessemos estado longe durante algum tempo. És a minha alma gémea, iluminou-se a minha mente. Nesse momento apercebi-me que não havia distância que nos afastasse. Existe uma grande diferença entre distância e ausência e, apesar de a ter explicado tantas vezes, finalmente me deparei com ela. Finalmente tinha encontrado alguém que marcasse realmente presença na minha vida. Alguém em quem permanecesse o brilho nos olhos independentemente do quão penteado estivesse o meu cabelo ou do quão bem arranjada estivesse. Alguém que completa as minhas frases através de um olhar. Então o que são almas gémeas? São almas que se sabem de cor e que nunca se perdem. Almas que se fundiram e que sabem sempre o caminho uma para a outra. Aprendi que:

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22
Jun18

Areias Movediças

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        A noite já não era uma criança e eu ainda refletia sobre o porquê de não ter resultado algo entre nós. Parecia tão forte o que nos unia que ignorava o que nos afastava. Quando dei por ti, estavas longe da vista e longe do coração. Ainda te procurei, tentei dar-te uma segunda chance... Devia saber que segundas oportunidades dadas sem sequer terem sido pedidas não resultam. No fundo, era a mim mesma que dava mais uma oportunidade... Não para ser feliz, mas para não constatar o quão infeliz tenho estado. Tudo o que eu construía era sozinha e mesmo sendo uma casa de tijolo, tu derrubava-la só com um sopro. Durante muito tempo pensei que tu eras especial, daí conseguires essa proeza. Tudo mudou no dia em que me dei ao trabalho de exigir honestidade a mim própria. Respirei fundo. Ía ser um percurso acidentado. Já na reta final, quase a cortar a meta do abismo que me esperava, compreendi o que se passava. O problema não estava na estrutura da casa, mas sim onde eu a decidira construir. Não quis trazer nada a não ser a roupa que tinha no corpo e o sorriso adormecido no rosto. O resto eu deixei para trás, sempre ouvi dizer que ninguém merece viver de restos. Demorei o que pareceu uma eternidade, mas aprendi que não se deve construir uma casa em cima de areias movediças.

 

18
Jun18

Luz

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Enquanto vagueava sozinho, oculto pela escuridão que se apoderou de mim, surgiu uma luz que mostrou as cores pelas quais se deviam reger a minha vida. Sorri. Senti que era um bom sitio para ser o meu porto seguro.

Apoderei-me dele e fiz com que fosse a minha casa, o meu lar, onde me sentiria em paz, reflectivo sobre os meus passados intérpidos, escondidos naquela escuridão de que nem pretendo aproximar-me, focando-me na luz que um dia ambiciono que seja minha... 

"Quão ambicioso pode ser um homem que deseja uma luz só para si?", pensei. Mas encontrava-me tão embebido nestas novas sensações que me rejuvenesciam e me acalmavam que não me importei com isso e sim em tentar. Afinal, dizem que tentar é véspera de conseguir!

12
Jun18

Barquinho de Papel

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         Era segunda-feira, ía entrar à mesma hora de sempre, conviver com as mesmas pessoas de sempre ou parecidas e acordara com a mesma falta de vontade de sempre. Tinha tudo para ser um dia (a)normal. A única coisa que mudava constantemente eram os estagiários que entravam e saíam de x em x tempo, mas até a isso eu já estava habituado. O truque era não me apegar a ninguém, ser apenas cordeal quando fosse mesmo necessário e continuar a fazer o meu trabalho. Afinal de contas, mais cedo ou mais tarde eles iam-se embora e eu sou péssimo com despedidas. Parecia simples. Contudo, naquele dia aparentemente vulgar, tive a (in)felicidade de me apresentarem mais uns quantos estagiários que surgiram não sei de onde (parecia que se multiplicavam de um dia para o outro, tal como uma praga) e no meio deles cruzei o olhar contigo. Estavas genuinamente sorridente, com um olhar que desarma qualquer um. E como soldado que nunca fui, senti-me invadido. Mas quem és tu?! Cumprimentei-vos, demorando o meu olhar no teu por breves segundos e continuei o meu trabalho. Os dias foram passando e, quando dei por mim, fazias parte da minha rotina. Ía trabalhar com mais vontade, talvez por saber que te ía ver por meros segundos. Segundos esses que bastavam para trocarmos palavras simples, mas que me faziam sorrir. A culpa foi do teu sentido de humor que depressa se tornou um dos motivos do meu sorriso. Não admiti a mim mesmo que era por ti que até chegava antes da hora nem que por vezes dizia algo só para te ouvir reclamar comigo. Havia dias em que mal te falava, tentando gerir este conflito interior que me assombrava. O relógio não pára e eu sabia que mais cedo ou mais tarde viria a despedida de que tanto queria fugir. Mesmo assim, mantinhas a tua postura. Dirigias-te a mim na 3ª pessoa e nunca pelo primeiro nome. Cumprimentavas-me mesmo que mal te respondesse e perguntavas-me como é que eu estava. Tratavas-me sempre de forma tão formal e cordeal e isso tirava-me do sério. Era como se erguesses um muro à tua volta e te abrigasses nele enquanto me acenavas lá no alto. Eu queria ir ao teu encontro, mas escorregava sempre que tentava. Sentia-me um tolo desmedido que já punha em causa tudo o que sentia. Não contava que aparecesses na minha vida e não queria acreditar no que te ias tornando nela. Aliás, se o quisesse definir, ainda hoje não o saberia fazer. O problema foi habituar-me à tua presença. Planeei sempre tudo, menos a ti. E como ser humano que sou, temo o inesperado; temia-te a ti. Eu juro que tentei fugir, mas tu encontravas-me sempre. Talvez, (in)conscientemente, não me escondesse verdadeiramente de ti. No fundo parecia que sorrias também de forma diferente para mim, mas nunca tive coragem de confirmar. Deixei os dias passarem, contentei-me em ser um mero espectador, submisso, e não sei até que ponto tomei a melhor decisão. Mas foi a decisão que tomei. Um dia cheguei e tu estendeste-me a mão. Nela continhas um débil barquinho de papel com o meu nome e umas palavras que nem fui capaz de ler no momento. A verdade é que eu até gostava desse tipo de simbolismos, mas não quis dar parte fraca ao admiti-lo. Peguei nele e virei-lhe as costas. Naquele exato momento, foi como se virasse costas a mim mesmo. No final do dia, procurou-me, encorralando-me, para se despedir de mim. Meio desajeitado, disse-lhe que fosse feliz. Por momentos senti que ela tinha algo para me dizer, ou então fui eu que desejei que ela me dissesse que queria ser feliz comigo. Sorriu para mim. Leu nos meus olhos algo que nem eu sabia que estava escrito, desejou-me tudo de bom e foi embora. Tinha dado as doze badaladas, era a altura da Cinderela voltar para a sua vida rotineira, longe do seu príncipe (des)encantado. Suspirei. Queria ter-lhe dito algo mais inspirador, algo que talvez fizesse com que ela me guardasse algures num canto remoto do seu coração, mas calei-me. Cheguei a casa e li o barquinho de papel. Dizia que tinha sido importante conheceres-me. Remeti-me à insignficância que me atribuí, guardei-o, pedi para que a minha curta memória não se demorasse a esquecer-te e adormeci. Sonhei que velejavas num barquinho de papel para longe e que eu apenas acenava da margem do rio, pedindo baixinho que um dia voltasses por mim.

11
Mai18

Tempo

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     No relógio marcavam as 18 horas, as pessoas voltavam para casa, iam saindo uma a uma e eu deixei-me ficar sentada. Não sabia para onde ir. O chá que pedira há quase meia hora já estava frio e eu nem tinha dado por isso. Estava um típico dia de Inverno, daqueles que só apetece estar em casa, mas eu não tinha nenhuma, pois casa é onde o nosso coração está e eu já não sei do meu há algum tempo. Deixei que mo despedaçassem e como não o consegui concertar, fui distribuindo partes dele aos corações incompletos com que me cruzei ao longo do meu percurso. "Oh linda, então, não queres comer nada?" - perguntou-me a empregada, que é um doce de pessoa. Sorri, agradeci, mas estava sem fome. Eu que "nunca perco o apetite", sentia-me maldisposta só de pensar em comer. Quando nos perdemos de nós próprios, já nem chocolate nos salva. Suspirei, quase me escapou uma lágrima pelo canto do olho. "Olá! Posso sentar-me aqui contigo ou estás à espera de alguém?" - ouvi. Olhei para cima. Estou à espera de mim mesma, pensei. Nunca tinha visto aquela pessoa antes e não estava com vontade de sequer saber quem era. Sorria para mim sem mostrar os dentes e procurava os meus olhos com um olhar profundo que se escondia ligeiramente por trás de uns cabelos loiros. Era alto, meio desengonçado, mas com ares de quem já partira muitos corações ou de quem tinha o seu partido. "Por acaso, estava mesmo de saída..." estava eu a responder-lhe, com uma voz trémula, quando ele se sentou numa cadeira ao meu lado e interrompeu-me "Chamo-me Dante e tu?". Revirei os olhos e comecei a arrumar as minhas coisas. "Espera, eu vou-me embora..."- disse, atrapalhado, enquanto se começou a levantar. "Não, podes ficar."- saiu dos meus lábios sem ter sido processado pelo meu cérebro. "Para sempre?" - perguntou-me sorrindo com um ar desafiador. "Sempre é muito tempo" - disse-lhe, rindo-me. "Quanto tempo dura afinal o tempo se por vezes nem damos por ele passar?" - respondeu, invadindo a minha cabeça. Pendurei a mala de novo na cadeira, percebi que ía demorar. Conversámos durante horas, ficando, inclusive para jantar. Curiosamente, no final da noite já me lembrava do caminho de casa. Quem disse que é só o fígado que se regenera? O meu coração reapareceu-me no peito, aquecendo-o. Despedimo-nos à porta do café e nunca mais o vi. Ele tinha razão, não dei pelo tempo passar e, à sua maneira, ele ficou para sempre comigo, ou pelo menos parte dele.

31
Mar18

Moon Lover

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Tens um olhar fascinante

E uma presença cativante.

Descobrir o mundo é algo que te fascina,

Viajar e ser livre dá-te adrenalina.

Ofereces resistência a envelhecer,

Associas envelhecimento a deixar de viver.

Mas a sabedoria não surge por imposição,

A seu tempo há de te abrir o coração.

Talvez aí nos voltemos a cruzar, 

Quem sabe, a passear à beira mar.

Até lá contento-me em te admirar

No meu canto sem te incomodar.

Que nunca percas o interesse pela lua,

Que um dia estejas disposto a torná-la tua.

Mantém-te admirador da natureza,

Nunca percas essa tua subtileza.

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